Valdemar é outra figura popular de nossa terra, ele é um homem simples e muito religioso, sempre presente as missas na matriz, trajando calça comprida quase sempre dobrada na altura da panturrilha, sandálias havaianas, camisa de tecido, paletó, chapéu de palha e seu inseparável guarda chuva, debaixo do braço.
Geralmente adentra a igreja em passos lentos cumprimentando aos que estão assentados nas pontas dos bancos e falando, quase a murmurar, palavras de saudação que nem sempre são compreendidas e geralmente acompanhado de um ou mais cachorros.
Eis porque carinhosamente foi apelidado por todos como "Valdemar dos cachorros".
Outra coisa interessante é que quando Valdemar chega á igreja, alguns torcem para que ele não assente no mesmo banco, não pela pessoa dele, mas com medo de serem mordidos por seus cães.
Dizem alguns conhecidos do Valdemar, que quando ele entra no ônibus, seus cachorros saem em disparada para casa, e que quando lá ele chega, seus cachorros já estão a esperá-lo na porta de casa.
Este é o Valdemar que buscamos homenagear e registrar na história de nossa terra.
Sem dúvida Deoclides. Valdemar era o nosso profeta, o nosso Gentileza. Com uma diferença, enquanto o profeta do Rio de Janeiro mantinha uma postura messiânica, o profeta do Alto da Serra da Mantiqueira representava o espirito nietzschiano e o mistério das suas montanhas. O que tinha de mais interessante no nosso caboclo nativo que vivia em outro mundo, com mais árvores, mais rios e mais peixes, era a sua franqueza humana. Apesar da sua aparência frágil, com gestos simples, o silêncio e o sorriso de Valdemar, com sua aura ingênua, era exatamente a expressão mais original do nosso lado "selvagem" mineiro. E isso se foi com ele e seus pequenos animais, os cachorros.
ResponderExcluirÓtima lembrança e uma perfeita síntese da pessoa do Waldemar. Parabéns.
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