domingo, 18 de julho de 2010

PODELE

Há pouco tempo me foi enviada esta estória pelo amigo Omar de Paula, e achamos muito interessante. Por isto resolvemos registrá-la nesta Coluna Mitos, Lendas e Folclore de Nossa Terra, que busca resgatar um pouco de nossa história:

Tempos atrás havia entre Santos Dumont e Barbacena, no local denominado “Perobas”, uma venda de um libanês onde segundo todos se encontrava de tudo. Desde agulha e pedra de isqueiro até automóveis e caminhões.

Seu proprietário era famoso por isso e também por não cobrar doses de cachaça pura e de fabricação própria, que servia a seus fregueses, e também do feijão tropeiro com couve colhidas de sua horta com carne de panela. Era erroneamente conhecido como Miguel Turco, apelido que ganhou de suas origens de Hás Baabelk, no Líbano, Oriente Médio.

Certo dia, sabendo de sua fama de ter tudo que procurasse em sua venda, apareceu um engraçadinho e lhe pediu: O Senhor tem PODELE?

Miguel, o comerciante, sabendo de sua fama e que não podia de forma alguma decepcionar os fregueses, disse-lhe: No momento não tenho, mas amanhã, após o almoço terei.

O freguês saiu, com um sorriso mateiro e prometeu voltar na hora combinada.

Ai começou sua aflição. O comerciante procurou em todos os seus livros em português e árabe e nada. Consultou seus vizinhos e outros comerciantes, nada. À noite foi até a cidade na casa de seus compadres Abdo e Ildo, e a mulher do primeiro, Olga, donos da Casa Branca, na esquina da Afonso Pena com Vieira Marques, confabularam, pesquisaram e nada.

Resolveram então telefonar para alguns primos na cidade vizinha de Juiz de Fora e também de nada adiantou. Ligou então para o Cônsul Aziz, em Belo Horizonte, e nada.

Voltou para casa e passou a noite insone, preocupado como achar tal encomenda.

De manhã, levantou cedo e caminhando em volta do curral, enquanto o retireiro ordenhava suas vaquinhas, deu de encontro com um monte de esterco seco. Pegou-o e levando para a cozinha disse a sua esposa Hameni, como carinhosamente a chamava, “Pombinha em árabe”: torre este esterco para mim e depois o moa na máquina de moer café.

A esposa obedeceu e depois de moído colocou-o num pote para a venda.

Logo após o almoço, conforme combinado, chegou o engraçadinho que o estava testando e perguntou: Já tem minha encomenda?

Sim, respondeu lhe o dono da venda, aqui está.

Abrindo o pote o engraçadinho provou seu conteúdo e disse: Mas isto é esterco!

Não, respondeu-lhe o comerciante, é PÓ DELE.

Nenhum comentário:

Postar um comentário