domingo, 18 de julho de 2010

Ary do Padre

Para falarmos de Ary da Silva -“Ary do Padre”- não poderíamos deixar de mencionar a figura bondosa do Padre José de Lucca. Pessoa de grande coração, foi ele quem acolheu Ary, ainda na cidade de Matias Barbosa, juntamente com sua mãe Dona Maria da Silva, ocasião em que passavam por momentos difícéis, sendo ela mãe solteira e tendo sido abandonada pela família com seu filho doente e com grandes limitações.

Quando transferido para Palmyra, padre José de Lucca trouxe consigo Ary, que tinha na época aproximadamente 8 anos de idade, junto com sua mãe, para que esta fosse a cozinheira e arrumadeira da Casa Paroquial.

Ary ,quando aqui chegou, era inseparável do padre José de Lucca; ajudava na Igreja tocando os sinos em ritmo solene para as missas e pausadamente, quando era cortejo fúnebre,como era de costume na época.

Extremamente cumpridor dos horários e deveres, foi fiel defensor do Padre José e Padre Raimundo e sempre dizia e repetia aos fiéis: “Na Igreja o Padre é quem manda!”

“Ary do Padre”, como era carinhosamente chamado pelos Palmyrenses, tinha em seu “currículo” coisas engraçadas como: em dias de confissões, ele entrava escondido no confessionário e ficava bem quietinho...quando alguma pessoa ajoelhava e começava a falar,ele saía correndo e gritando ; “ O padre já vem.” Era também um exímio imitador das sirenes das fábricas CBCC, Sago (fábrica de bonecas) e Boeck.

Tinha também a mania de sair correndo em volta da Igreja como se tivesse apostando corrida com alguém, imitando as buzinas dos automóveis da época. Quando voltava ao ponto de partida dizia para quem estivesse na porta da Igreja: “Ganhei a corrida! Ninguém ganhou de mim, ninguém ganhou de mim. Conta-se também que Ary,quando encontrava algum casal de namorados, atormentava-os dizendo : “Vou contar pro padre”.

O carinho e respeito que Padre José tinha por Ary era tanto que ficava bravo quando alguém destratava o menino e batendo no peito dizia: “Ele é meu filho; filho de coração .”

Infelizmente a vida foi curta para Ary que faleceu em 1944, com a idade de 24 anos mais ou menos, vítima de complicações da diabetes. Mas ao mesmo tempo foi um descanso, pois o Padre José tinha muito medo de ter que interná-lo em clínicas em Barba-cena, uma vez que cuidava dele sozinho pois a mãe de Ary faleceu muito cedo.

As histórias deste personagem de nossa querida terra, foram contadas por nosso amigo Durvalino Machado , que lembra muito bem das peripécias de “Ary do Padre”.

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